Sérgio Godinho lança ''Ao Vivo no São Luiz''

21-11-2020

"Há espectáculos de que continuamos a falar muito tempo depois, houve uma chispa. Não se apagou." Quem o afirma é o próprio Sérgio Godinho e, de facto, a série de concertos que o músico deu entre 5 e 8 de Julho de 2018 na Sala Luís Miguel Cintra do São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, perdura ainda hoje na memória de quem teve oportunidade de os assistir.

O registo desses espetáculos chegou agora em disco. "Ao Vivo no São Luiz".

Entretanto, já se encontra disponível no YouTube o vídeo ao vivo da célebre canção "Com Um Brilhozinho nos Olhos". O tema editado, pela primeira vez, em 1981 no álbum "Pano-Cru" depressa se tornou um clássico moderno e não há como dissociá-lo do "escritor de canções". E é ele que diz: "Com um brilhozinho nos olhos dispensa apresentações como se costuma dizer. É uma canção que tem, também como as outras, várias vidas e essas vidas dão-me sempre um elemento de prazer acrescentado. É uma canção muito lúdica, baseada em ditos quotidianos e que resultou muito bem com o público, porque a conhece e a canta no refrão comigo, chegando a substituir-me."

É esta a primeira amostra deste disco, no qual se encontram as músicas de sempre, as que cantamos de cor e nunca nos cansamos de as ouvir - como também o são "A Noite Passada" ou "O Primeiro Dia" - aqui revistas e pela primeira vez gravadas com orquestra.

Mas "Ao Vivo no São Luiz" tem ainda o charme de nele se encontrarem temas que há muito Sérgio Godinho não cantava ao vivo. "O Velho Samurai", por exemplo, é aqui reanimado e volta a ganhar vida. "O Velho Samurai foi umas das canções que nós repegamos e que desde há muito tempo não era praticada. É uma canção que me apraz pelo seguinte, é um retrato de um homem a quem a vida não correu muito bem mas que ao mesmo tempo tem uma dignidade de não dar parte de fraco, tem um brio que é muito dele. E eu identifico-me com essa atitude, embora a minha vida tenha corrido melhor felizmente até aqui e já vai longe", explica o cantautor.  

E, pela primeira vez, Sérgio Godinho atuou ao lado da Orquestra Metropolitana de Lisboa e do maestro Cesário Costa. O piano e os arranjos para orquestra ficaram a cargo de Filipe Raposo. "Nunca, até agora, fiz um concerto com uma orquestra sinfónica, e isso, mais do que uma lacuna no currículo, era uma lacuna no prazer", disse.

O São Luiz foi também a sala ideal para esta estreia de Sérgio Godinho ao lado de uma orquestra. "O São Luiz é de há muito a minha casa. Nela actuei tantas vezes, em tantos formatos, que não há dedos que as contem. É um currículo em si, que reconheço com orgulho. Até porque esta foi uma sala que conheci, no início de Maio de 1974, num dos primeiros cantos livres, todos no palco, e tocas tu, toco eu. Foi o meu primeiro grande momento de comunicação em Portugal. E logo nesta sala, vinda de outras memórias. Foi importante."

"Ao Vivo no São Luiz" é o primeiro disco de Sérgio Godinho gravado com orquestra, iniciando assim as celebrações de 50 anos de uma das carreiras mais marcantes da história da música portuguesa. O disco conta, pela primeira vez, com canções do álbum "Nação Valente" (2018) editadas ao vivo, bem como outros temas emblemáticos dos 50 anos de percurso de Sérgio Godinho.

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