O realizador
moçambicano Sol de Carvalho traz ao grande ecrã O Ancoradouro do
Tempo, uma adaptação cinematográfica do aclamado romance A Varanda do
Frangipani, da autoria do escritor Mia Couto. Com estreia mundial realizada
no LEFFEST (Lisbon & Sintra Film Festival) no passado mês de
novembro, o filme tem vindo a percorrer diversos festivais internacionais,
marcando presença no circuito do cinema lusófono e além-fronteiras.
A antestreia
nacional está marcada para o próximo dia 25 de junho, data simbólica que
assinala a independência de Moçambique, país onde decorre a ação do
filme. Já a estreia comercial nas salas de cinema portuguesas terá lugar
a 26 de junho.
Produzido
pela Real Ficção, o filme conta com co-produções internacionais da Promarte
(Moçambique), Autentika Films (Alemanha), Gamboa & Gamboa
(Angola) e Caméléon Production (Maurícias). A rodagem decorreu
integralmente na Fortaleza da Ilha de Moçambique, classificada como
Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, servindo de pano de fundo para a
envolvente narrativa policial.
Com um
elenco integralmente moçambicano, O Ancoradouro do Tempo
acompanha a história de Izidine, um jovem inspetor da polícia destacado
para investigar um homicídio numa antiga fortaleza colonial, atualmente
convertida num lar de idosos. A vítima, Vasto Excelêncio, era o
controverso diretor da instituição. À medida que a investigação avança, Izidine
depara-se com um enigma insólito: todos os residentes confessam o crime. A
enfermeira Marta insiste que o verdadeiro crime vai além do homicídio –
está ligado ao que o lar representa enquanto símbolo de repressão e abandono.
Num tom que
desafia os moldes tradicionais do policial ocidental, onde normalmente se clama
inocência, esta obra apresenta um conjunto de personagens que assumem a
culpa coletiva, cada um com razões pessoais e profundas. O resultado é um
filme denso, poético e visualmente marcante, que alia o lirismo de Mia Couto ao
olhar cinematográfico de Sol de Carvalho.
O Ancoradouro do Tempo promete ser um dos marcos do cinema lusófono de 2025,
fundindo literatura, história e cinema num poderoso retrato da memória e da
identidade africana.