Inventariação de ''Figuras do Fado'' vai dar origem a história em dez volumes

25-06-2020

Os investigadores Luciano Reis e Carlos Jorge Espanhol estão a trabalhar num projeto de inventariação dos diversos protagonistas do fado, desde finais do século XIX até à atualidade, que vai dar origem a uma história em dez volumes.

Trata-se da obra "Figuras do Fado", que vai apresentar biografias, pessoais e artísticas, de mais de 300 nomes, entre fadistas, músicos, compositores, poetas e produtores, disse à agência Lusa Luciano Reis, que qualificou o projeto como "inédito".

"A ideia é sintetizar todos aqueles que têm intervindo no universo fadista", disse o investigador da história das artes do palco, autor de outros títulos, nomeadamente sobre a "História do Circo" e "História do Parque Mayer", esta em parceria com Jorge Trigo.

"Queremos apresentar biografias aprofundadas, para não ser apenas uma sinopse das suas carreiras", disse Reis à Lusa, realçando a "importância da colaboração" dos artistas que estão no ativo, a quem é pedida a participação.

"Enviamos uma ficha modelo com várias perguntas, essenciais para construir uma biografia", contou.

O autor Carlos Jorge Espanhol, por seu lado, sublinhou o facto de "muitos artistas não terem fixado a sua carreira", um facto que os incentivou "a deitar mãos à obra".

O projeto inclui o denominado "fado amador", um meio que Carlos Jorge Espanhol afiançou "conhecer bem".

Para fazer parte do inventário, "basta ter um disco editado". "Este é o crivo, nomeadamente para os do fado amador", disse Luciano Reis.

O 1.º volume está no prelo "e deve sair este ano", adiantou Espanhol. No total são dez volumes, com cerca de 30 nomes cada, totalizando 300 "Figuras do Fado", mas Luciano Reis disse que "podem ser mais".

Os volumes não estão organizados por ordem alfabética, o que facilita acrescentar mais nomes. O destaque, dado "a importância e popularidade da carreira", é a escolha dos nomes que abrem e fecham cada volume.

Amália Rodrigues (1920-1999) abre o 1.º volume, que encerra com Anita Guerreiro, atualmente a cantar nas Arcadas do Faia, em Lisboa.

Hermínia Silva (1907-1993) abre o 2.º volume, que encerra com o compositor Frederico Valério (1913-1982), autor de temas como "Na rua dos meus ciúmes", "Ai, Mouraria" ou "Fado Malhoa", entre outros.

"Quando referimos o universo fadista incluímos o fado noutras artes como o cinema e o teatro, que muito contribuíram para o divulgar junto grande público", disse Luciano Reis, referindo as muitas criações feitas para serem apresentadas propositadamente no palco ou na tela, dando como exemplo "Velho Fado da Severa" ou "Fui ao Baile".

Luciano Reis admite que a investigação esteja concluída no próximo.

As datas de publicação dos diferentes volumes ainda não estão definidas.

Luciano Reis, licenciado em gestão das artes, é um investigador da história das artes do palco, autor ou coautor de várias obras, designadamente da biografia de atores como Beatriz Costa, Ivone Silva, Laura Alves, Maria Dulce, Eugénio Salvador, Vasco Santana e João d'Ávila, entre outros.

Entre os mais de 50 títulos que já publicou, contam-se ainda obras sobre os maestros Alves Coelho e Fernando Correia Martins, assim como a "História do Teatro Ádóque", "Para Uma Uistória do Teatro no Concelho de Sintra", "As Grandes Divas do Século XX", além da "História do Circo" e da "História do Parque Mayer", em parceria com Jorge Trigo.

Carlos Jorge Espanhol soma cerca de 40 anos de trabalho nas áreas do espetáculo, como autor, produtor, cenógrafo, ensaiador, sobretudo em teatro de revista, no fado e nas marchas populares.

Lusa