Florito e Djodje na mesma faixa. "Dalilah" é fruto da veia criativa de Florisberto Mbemba, potenciada por Fernando Jorge Marta. Assim, numa conexão entre Angola e Cabo Verde — ou entre Namíbia e Portugal, se tivermos em conta as suas respetivas sedes —, o prodigioso talento do afrobeat feito a partir de Windhoek cruza-se com a experiência do já veterano da cidade da Praia que lidera a cena afro-pop ao fim de duas décadas de carreira.
O resultado acaba por ser uma fusão em que os papéis se invertem: por um lado, há em Florito uma maturidade artística assinalável para quem, para todos os efeitos, ainda está numa fase ascendente da sua jornada; e, por outro, a frescura de Djodje, sempre predisposto à reinvenção, descarta o peso de uma bagagem de praticamente vinte anos nestas andanças.
Agora, enquanto um tem já o seu nome firmado na lista das grandes referências, o outro ainda para lá caminha. E pernas para andar não lhe faltam, sublinhe-se. Desde que se apresentou com "Tamagotchi", em meados de 2014, que o seu potencial se revelou evidente. "HOT" (2016), "Ginger" (2018), "Pull Up" (2019) ou "Kitoko" (2020) foram sucessivas provas dadas dessa capacidade em desenvolvimento. E "Stamina" (2022), a sua primeira colaboração internacional (com BNXN aka Buju), abriu-lhe portas a um novo patamar dentro da cena afrobeat — tema que conquistou, aliás, um lugar no top 50 de músicas mais ouvidas no berço deste movimento musical.
Hoje, aos 27 anos, Florito é uma promessa em pleno cumprimento, ele que se tornou um verdadeiro parceiro de Rema, e a quem Wizkid reconheceu um valor incontornável — falamos de duas das maiores entidades da música nigeriana actual. Esse reconhecimento dos grandes não o tem feito, porém, tirar o pé do acelerador, desde a "Stamina" que imprimiu no ano passado à "Lisabonna" que se propõe, também, a conquistar já este ano. "Dalilah", com um aliado de peso, é mais um passo importante nessa missão.