Entrevista com NBC

21-02-2024

NBC está de volta aos lançamentos com Carrossel, primeiro single de avanço do novo álbum - com o mesmo nome - que será editado no segundo trimestre deste ano.

Nas palavras do próprio, este tema "marca um momento muito importante da minha vida na construção de canções. Depois da pandemia, achei necessário reinventar-me e seguir por novos caminhos, que sempre fizeram parte de mim mas nunca tinha tido a oportunidade de explorar antes. Hoje, com uma maior experiência de vida e de estrada, larguei alguns preconceitos pessoais e decidi avançar para este carrossel de emoções e quis contar a história com esta musicalidade".

O videoclip foi gravado na Quinta do Mocho, "um bairro de Lisboa predominantemente africano e de pessoas muitas vezes não referenciadas na sociedade na qual vivemos, mas no qual a música tem um espaço enorme nas suas vidas" confidencia o artista.

Depois do último disco Toda a Gente Pode Ser Tudo (2016), o músico Timóteo Tiny assinou o EP acústico EPiderme em 2021, e no ano seguinte aventurou-se na produção do filme EPílogo, com banda sonora também da sua autoria.

Carrossel está agora disponível nas plataformas digitais e conta com um vídeo realizado por Rita Seixas.


Por onde tens andado depois do lançamento do EP acústico "Epiderm" de 2021?

Tenho andado a produzir o "Carrossel", que é uma produção integral minha, e, portanto, é por aqui que tenho andado, a produzir muito.

Fala-me sobre este "Carrossel", o teu novo single.

É um single que traz algum sol à vida. Eu precisava, depois de termos saído daquela loucura que foi a pandemia, eu próprio precisava de um bocadinho de sol na vida, então decidi que o primeiro single para este álbum seria uma coisa um bocadinho mais alegre e é o que está a acontecer neste momento.

O vídeo foi gravado na Quinta do Mocho, porquê esta escolha?

Talvez esta necessidade e alguma obrigatoriedade da minha parte de endossar assim alguns assuntos. Eu sei que estamos numa situação política muito complexa e essa coisa de estarmos ainda numa fase em que marginalizamos pessoas de modo geral é uma coisa que me afeta a mim diretamente, obviamente, e acho que nos deveria afetar a todos porque achamos que todas as pessoas têm direito a uma vida normal como outra pessoa qualquer. E às vezes isso não acontece, e portanto o vídeo por si só não é tanto uma integração, mas o assunto é o que importa. E por isso mesmo decidi, para a minha vida, que era necessário falar um bocadinho sobre este assunto, desta coisa que hoje em dia vivemos, com a situação atual política de marginalizarmos algumas pessoas. Então é necessário percebermos qual é o foco na nossa vida.

Já são mais de 15 anos de carreira, ainda te lembras como tudo começou?

Claro que me lembro. Posso não me lembrar das datas todas, nem de tudo, mas lembro perfeitamente do que é que foi o início, de como foi esse início e como é que me fez chegar aqui e obviamente estou muito feliz por estar aqui, por ter feito essa carreira toda com muitas dificuldades, obviamente, mas o mais importante é tirarmos sempre as coisas positivas deste trabalho que foi sendo feito até agora.

De lá para cá, o que é que mudou em ti e na tua música?

Podemos dizer que não mudou nada e que mudou tudo, porque eu obviamente hoje sou outra pessoa, mais adulto, com outras necessidades, com outras vontades, mas ao mesmo tempo não deixo de ser aquela criança que quando começou quis chegar a algum lado, quis se posicionar em algum lugar e é isso que eu continuo a querer fazer, ter a minha posição, ter o meu lugar, ter o meu legado também e nunca fugir muito das minhas diretrizes enquanto pessoa. Isso para mim é muito importante.

Quais são aqueles que consideras os pontos mais altos da tua carreira?

Epá, os pontos mais altos da minha carreira... Nem sei mas tive muitos. Por acaso não me posso queixar. Tive muitos.

Podemos dizer que tu és um artista que tem trabalhado com muita gente. E penso que é um privilégio trabalhar com muitos colegas da música e muita gente importante no meio. E estiveste também no Festival da Canção.

Sim, sim. Também tive, sim. Foi, obviamente, um momento importante. Obviamente que eu guardei esse momento, essa ida ao Festival da Canção, de forma muito grata. Porque foi pela letra, pela música, não é? Porque foi com uma letra e música criada por mim. E a letra, principalmente, novamente, lá está, em que falava também sobre a imigração, que é um assunto que me toca mesmo particularmente e acho interessante falar dele nas suas várias nuances. E sim, a participação no Festival da Canção e conseguir estar numa plataforma tão grande e ao mesmo tempo não perder aquela coisa que eu sou, é espetacular. Eu acho que isso é das melhores coisas mesmo que eu tenho em vida, é poder ir para todo lado e continuar a ser quem sou e não ter que estar a fazer nenhum filme nem estar a fingir que sou outra pessoa. Acho isso incrível mesmo.

Depois deste novo single, o que é que vem por aí?

Depois deste single vem o álbum, ou melhor, depois do single virão mais dois singles que vão também representar o disco e depois disso, o álbum. Portanto, lá para maio estou a contar que o disco saia. Antes disso gostava muito de lançar mais dois singles. Vamos ter as eleições e vamos ter o 25 de Abril, este ano que faz 50 anos. Portanto, vão ser coisas que vão tomar muito das pessoas, mas eu espero que haverá também espaço para se poder contar as minhas histórias, obviamente.