Beatriz Nunes apresenta o seu ''Livro de Horas''

07-06-2023

Beatriz Nunes editou no passado dia 26 de maio o seu mais recente álbum Livro de Horas.

Mas o que é um Livro de Horas? Beatriz Nunes diz-nos que " Os Livros de Horas medievais são objetos que sempre me fascinaram. Pela sua beleza em primeiro lugar, depois por serem um almanaque de rituais que misturam rezas e festividades, que é como dizer que são livros que organizam formas de sinalizar a passagem do tempo. Essa ideia interessou-me. O disco está longe de ter uma conotação religiosa, mas acaba por ser uma apropriação desse objeto religioso para falar de outros assuntos que me interessam, quase como uma sugestão de orações pessoais. E escolhi algumas poetas, algumas muito antigas, outras menos, para através das suas narrativas abordar os assuntos: amor, justiça e poder." Beatriz Nunes acrescenta mesmo que "o disco acaba por fazer um arco, pois tanto reúne uma canção em languedoc da trovadora do séc. XXII, Beatriz de Día, como uma canção da jovem cantautora portuguesa Femme Falafel. Penso que estas duas figuras fazem os dois pontos de um arco temporal que eu escolhi para retratar narrativas de mulheres cantautoras."

A cantora e compositora diz-nos também que "... também foi com grande felicidade que a poeta Angélica Freitas, autora do livro "O útero é do tamanho de um punho", aceitou que eu compusesse para o seu poema "Quem desenhou as ruas" do livro "Canções de Atormentar". Esse poema discute relações de poder questionando a quem cabe a criação de centros e margens nas cidades, vejo-o como um poema ecofeminista. No caso da "Canção de Aljezur", desde os meus 20 anos que queria trabalhar esta recolha de Michel Giacometti. No pequeno livro que acompanha a coletânea de recolhas podemos ler que se trata de uma canção em modo frígio, que é um romance de estilo carolíngio, temos lá todas as informações etnológicas relevantes, mas por alguma razão não se discute/descreve o teor da canção cantada por essa mulher anónima dos anos 60 em Aljezur que retrata de forma pungente uma cena de uma violação e a reacção da comunidade em relação à vítima. Por fim, o último tema a entrar no disco foi uma canção do João Paulo Esteves da Silva, compositor e pianista que muito admiro, que escreveu para o poema "A Quoi Bon Dire" de Charlotte Mew, uma poeta britânica do início do século XX, e gentilmente aceitou que eu o gravasse."

Livro de Horas é também um disco onde Beatriz Nunes reuniu músicos de diversos géneros musicais que no entanto se complementam criando um universo único.

Como nos diz "neste disco fui deliberadamente agregadora, pois continuei a tocar com o grupo de amigos e companheiros Luís Barrigas, Mário Franco e Jorge Moniz, e já vinha a cozinhar, desde que conheço a saxofonista Mateja Dolsak, a vontade de trabalhar com ela. Eu e a Mateja partilhamos muitas viagens juntas, fomos professoras em Montemor-o-Novo, fizemos juntas o mestrado, já tocamos juntas também, e eu sabia que quando a oportunidade surgisse eu tinha vontade de a ter no meu projecto. A característica que mais pesou evidentemente foi a sua musicalidade e enorme afinidade que partilhamos. Foi também um desafio para mim, pois assim alarguei o grupo a quinteto que era algo que eu também queria explorar musicalmente, e foi interessante escrever para esta formação. Em relação à Femme Falafel, sou muito fã dela. Conheci-a através da Leonor Arnaut, por causa de Fumo Ninja, comecei a segui-la nas redes, e houve uma story em particular com um pequeno fragmento de uma canção que me ficou na cabeça dias e dias. Por sua vez, a Edvânia Moreno é uma jovem violinista que conheci num concerto da Orquestra Geração na Gulbenkian. Na altura eu estava a dar aulas na Orquestra Geração e a Edvânia era uma antiga aluna."

Livro de Horas é editado pela Roda e está disponível nas plataformas assim como em CD.

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