Banda Sonora – Variações entra directamente para 2º lugar do top nacional de vendas
A Banda Sonora - Variações acaba de entrar directamente para o segundo lugar do top nacional de vendas, ao mesmo tempo que o filme de João Maia - "Variações"- continua a ser um dos filmes mais vistos das últimas semanas.
Armando Teixeira, criador da "Banda do Filme Variações", assumiu a produção musical e, através das famosas cassetes de António Variações, deu corpo às músicas que ele gravara na garagem, com músicos amadores, no final dos anos 70.
'Toma o comprimido', 'Teia', 'Perdi a memória', 'Canção de engate' ou 'Quero dar nas vistas', tema inédito encontrado no espólio de António Variações, são, para além de 'Na Lama', algumas das canções que compõem a banda Sonora do filme de tributo à primeira estrela da pop Portuguesa que chega aos cinemas dia 22 de Agosto.
'Quando o realizador João Maia me convidou para fazer a banda sonora do seu filme "Variações", fiquei entusiasmado. Estimulou-me a possibilidade de reinventar a música do António Variações à luz dos nossos dias. Imaginei o que poderia fazer pelas suas canções agora. Seria mais eletrónico? Acústico? Andei uns dias empolgado com essa ideia e com a possibilidade de voltar a fazer música para cinema.
Isto foi antes de me encontrar com o João. Logo percebi que não era nada disto que ele pretendia. O que o João não queria era que a música servisse o normal propósito de uma banda sonora: pontuar sentimentos, criar ambientes... não era essa a ideia.
No fundo ele não queria uma banda sonora, mas que eu desse corpo às ideias que o António Variações gravara na garagem com músicos amadores no final dos anos 70.
Antes de gravar qualquer disco, já o António e os músicos que o acompanhavam na altura tinham vestido as suas canções de roupagens bem distintas daquelas a que nos habituámos. É aí que acontece a música no filme.
Para isso, o João deu-me a ouvir as famosas cassetes. Aí encontrei o António a cantar acapella, sobre uma caixa de ritmos, ensaios de banda e concertos. Era esta a ordem, primeiro compunha a música sozinho ou com a caixa de ritmos e depois, nos ensaios, os músicos faziam os arranjos. O trabalho parece ter sido intenso. Existem numerosas versões de cada canção. Encontrei canções completas como o "Toma o comprimido", excertos de canções como "Teia", "Perdi a memória" e canções onde parece que faltam pedaços e estrutura como a "Canção de engate". Encontrei até um inédito, chamámos-lhe "Quero dar nas vistas". Parece ser uma canção desenvolvida em ensaio, mas não um improviso. Existem gravações de diferentes ensaios. O António apresenta-se, a banda desenvolve um prog-rock com inúmeros solos, mais uma vez, sem nenhuma estrutura. Ensaiavam pelo prazer de tocar.
Fiz pequenas descobertas que deram um outro sentido a este trabalho: numa das várias versões do "Na lama", o lead de sintetizador que funciona como refrão é diferente da versão gravada pelos Humanos. Foi esse que usámos. O "Perdi a memória", nas gravações a que tive acesso, não desenvolve para refrão. O António canta-o, mas o instrumental mantém-se na parte A. Para completar a canção, mantivemos o espírito e fomos buscar o pré-refrão e refrão ao original gravado em disco. O facto de conhecer bastante bem os dois discos do António Variações ajudou-me muito neste trabalho. Vivi intensamente o "Anjo da Guarda" quando saiu. Um pouco mais tarde, o "Dar e Receber". Uma cassete que ouvi até se dissolver no meu primeiro carro.
O que também facilitou e tornou este trabalho um prazer foi ter-me rodeado de amigos. Amigos que também são excelentes músicos. Os meus companheiros nos Balla, Pedro Monteiro, Duarte Cabaça e Vasco Duarte. A amizade e a admiração pelo trabalho do António foi o que nos uniu.
Uma última palavra para a surpresa que foi o Sérgio Praia e a sua evolução como cantor. Este disco não era para existir, nunca nos passou pela cabeça tocar estas canções ao vivo. Mas aí estão!
Tudo isto só foi possível pela segurança que o Sérgio nos deu. Ele cantou as canções no "plateau", os momentos do filme em que actua ao vivo em Fiscal são arrepiantes. Dá-me vontade de querer prolongar esta aventura. Espero que nos acompanhem.
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